7 de fevereiro de 2008

assim de repente




estendo-me. distendo-me.
exponho-me. recolho-me.


o tempo submerge sem calendário.
sem data de chegada na distante linha da partida (que, pergunto-me, terá algum dia existido?...).
o eco da viagem como o sibilante zumbido da sombra.

a alma partiu no tecido que rasguei.
limito o gesto. imito o som em que da sombra me renasço em corpo e em retorno de onda.

penso livro e no corpo esvoaça a palavra que tatua como um eco.

chamo o vento. reclamo o azul onde o teu fôlego era a minha sede. e deixo quebrar o alicerce da palavra que não direi.

apanho a flor, recolho o gesto, exijo o silêncio ao toque dos dias. emudeço o viveiro de memórias que afixo na parede do olhar.

repreendo a alma que refaço ao encontro de mim.
não sei onde começo mas sei onde terminas.

imobilizo-me como se para uma fotografia que grito em sépia.

estendo-me. distendo-me.
exponho-me. recolho-me.

porque nada em mim se partiu irremediavelmente.