16 de setembro de 2007

E assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem



Mande notícias do mundo de lá
diz quem fica

Me dê um abraço, venha me apertar
tô chegando

Coisa que gosto é poder partir
sem ter planos

Melhor ainda é poder voltar
quando quero

Todos os dias é um vai e vem
a vida se repete na estação

Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
são só dois lados
da mesma viagem

O trem que chega
é o mesmo trem da partida

A hora do encontro
é também despedida

A plataforma dessa estação
é a vida desse meu lugar
é a vida desse meu lugar
é a vida...





Maria Rita - Encontros E Despedidas
Milton Nascimento, Fernando Brant



regresso amanhã a um lugar que se fez em mim

repetido de gente
repetido de olhares
de estranheza
de silêncios

nas imagens que já não existem
cheias de caras
repetidas de sorrisos partilhados
de gente com quem se cresceu e fez crescer
de gente que já não está

tinha eu sido gente que veio para não voltar
vai vem na vida desse meu lugar

escolhi
é certo
talvez não o que me espera

de gentes
funções
olhares
tempo tanto que se retira amargamente do dia
da viagem

vai
vem
vai vem vai vem
aqui
gente a sorrir
gente a chorar

e hoje, nem a força dentro
dos que acreditam
do que acredito

de quem me deixou a coragem nas mãos
para suportar a incerteza
o excesso
o quando
o quanto

hoje nem a força dentro
só o coração, apertado
da escolha
da consequência
da amargura presa ao canto da boca

engulo em seco

sorrio
é só o medo
penso
é só o vento dentro
penso
e sei que não
não é o medo
é o resto

e vou
de coração aberto
respiro fundo
vai correr bem
penso
e sei que

e canto baixinho

E assim chegar e partir
são só dois lados
da mesma viagem

O trem que chega
é o mesmo trem da partida

A hora do encontro
é também despedida

A plataforma dessa estação
é a vida desse meu lugar
é a vida desse meu lugar
é a vida...


da escolha:salsugem: olha para mim


...

15 de setembro de 2007

barulho obrigatório





16 de Setembro de 2007, Largo do Camões, às 18h00




"“Façam barulho e não desviem o olhar: salvem o Darfur!”

O dia 16 de Setembro foi escolhido, a nível internacional, como o dia de acção global por Darfur.

Apesar da aprovação da Resolução 1769 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, autorizando o destacamento das forças de manutenção de paz, continuam os ataques a civis no Darfur. Até que parem os ataques e que as forças de manutenção de paz sejam efectivamente colocadas no terreno, a comunidade internacional não deve desviar os olhos do Darfur.

No dia 16 de Setembro, a Campanha Por Darfur convida a população a concentrar-se no largo do Camões, pelas 18 horas e a fazer barulho ou a usar uma venda nos olhos, para chamar a atenção dos governantes que não devem desviar os olhar do que se está a passar no Darfur.

No local poderá subscrever uma petição à Presidência da União Europeia pedindo a inclusão da situação no Darfur na agenda da Cimeira UE /África. A AI está também a promover uma petição sobre a entrada das forças de manutenção de paz das Nações Unidas no Darfur. http://www.globefordarfur.org/act_now/signup.php

“Façam barulho e não desviem o olhar: salvem o Darfur!”
Data: 16 de Setembro
Hora: 18h00
Local: Largo do Camões (Lisboa)

Apareça, venha fazer barulho!"


ora vamos lá!!!

fica. sempre. comigo. fico. sempre. contigo.

E quando se aproximou a hora da partida:
- Ah! disse a raposa... Vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te cativasse...
- É certo, disse a raposa.
- Mas vais chorar!, disse o principezinho.
- É certo, disse a raposa.
- Então não ganhas nada com isso!
- Ganho, sim, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois acrescentou:
- Vai ver outra vez as rosas. Compreenderás que a tua é única no mundo. Quando voltares para me dizer adeus, faço-te presente de um segredo.
O principezinho foi ver outra vez as rosas.
- Vós não sois nada parecidas com a minha rosa; ainda não sois nada, disse-lhes ele. Ninguém vos cativou, nem vós cativaste ninguém. Sois como era a minha raposa. Não passava de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas fiz dela minha amiga e agora é única no mundo.
E as rosas ficaram bastante aborrecidas.
- Vós sois belas, mas vazias, disse-lhes mais. Ninguém vai morrer por vós. É certo que, quanto à minha rosa, qualquer vulgar transeunte julgará que ela se vos assemelha. Mas, sozinha, ela vale mais do que vós todas juntas, porque foi ela que eu reguei. Porque foi ela que pus numa redoma. Porque foi ela que abriguei com um biombo. Porque foi por causa dela que matei as lagartas (excepto duas ou três para as borboletas). Porque foi ela e só ela que ouvi lamentar-se ou gabar-se, ou mesmo, por vezes, calar-se. Porque é a minha rosa.
E voltando para junto da raposa:
- Adeus, disse ele.




- Adeus, disse a raposa. Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
- Os homens esqueceram esta verdade. Mas tu não deves esquecê-la. Ficas para sempre responsável por aquele que cativaste. És responsável pela tua rosa
- Sou responsável pela minha rosa, repetiu o principezinho a fim de se recordar.



in O Principezinho, Antoine de Saints-Exupéry



...



...



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fica. sempre.
porque partes, sempre.
porque ficas. comigo.

sem peso. neste alívio do que.
que fica.
que me és.
com todo o amor.

aqui.

...


aqui.