porque a poesia, a palavra, a música. sempre.
porque o sentir liberdade, fraternidade, paz. sempre.
porque se deve aos que nos foram tanto dentro. aos que ainda nos são diariamente.
porque se sente a falta dos que já não.
porque continuaremos, a cada minuto a transmitir e a construir a liberdade em que nascemos.
à sempre saudade da natércia.
à sempre saudade do zeca.
"- havia uns polícias que eram assim muito maus e não deixavam as pessoas pensar nem cantar nem andar, tinham de andar todas assim com a cabeça virada para baixo, assim, estás a ver, mãe?... e não se podia crescer.
e depois levavam as pessoas boas para a prisão e as pessoas eram amigas e depois faziam-lhes muito mal e às vezes até ficava sangue no chão. e havia um senhor que mandava - como é que se chamava?...
- salazar.
- sim, ele mandava nas pessoas todas e dizia para fazerem mal. e depois um dia os outros senhores puseram cravos nas pistolas...
- e quem eram esses senhores?
- eram os paquitães de abril, não sabes, mãe?!!!... e as pessoas vinham cantar e gritar porque já estavam todos bem e já não eram pobrezinhos e era a liberdade! e havia a música do zeca. (...)
fui eu que contei a história do 25 de abril aos amigos na escola! eu já sei! mãe, o que é uma azinheira?..." (mariana, 3 anos)
para que a manhã seja sempre clara a todos os filhos da magrugada.
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
O nome das coisas, 1977
In Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética III
25 de abril de 2008
paquitães e azinheiras. sempre!
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