23 de junho de 2007
agora não se chora mais. (tinha que respirar...)
"
(...)
agora que agora é nunca
agora posso recuar
agora sinto minha tumba
agora o peito a retumbar
agora a última resposta
agora quartos de hospitais
agora abrem uma porta
agora não se chora mais
agora a chuva evapora
agora ainda não choveu
agora tenho mais memória
agora tenho o que foi meu
agora passa a paisagem
agora não me despedi
agora compro uma passagem
agora ainda estou daqui
agora sinto muita sede
agora já é madrugada
agora diante da parede
agora falta uma palavra
agora o vento no cabelo
agora toda minha roupa
agora volta pro novelo
agora a língua em minha boca
agora meu avô já vive
agora meu filho nasceu
agora o filho que não tive
agora a criança sou eu
agora sinto um gosto doce
agora vejo a cor azul
agora a mão de quem me trouxe
agora é só meu corpo nu
agora eu nasço lá de fora
agora minha mãe é o ar
agora eu vivo na barriga
agora eu brigo pra voltar
agora
agora
agora. "
(poema: Arnaldo Antunes, com a voz da bethânia.)
(imagem: Zena Holloway)
e apesar de sentir tudo isto como de mim, este poema se tornou no ninho de uma viagem, aqui fica também, o maior abraço, aquele.