"respiro o iodo o sal o vento
o cheiro a salsugem e penso que tudo não é senão o que já não é
e que o momento em que isto digo
é já outro momento"
(manuel alegre in "senhora das tempestades")
suspensa por fios partidos digo sete desvelo o surgir entrançado na memória de antes penso dias sei da escolha quebro o medo desfio o presente que adivinho
coloco-os no chão traço-os destraço-me sinto vermelho estico sei o chão sei de mim
rasgo o último fio enlargo-o à medida justa dos meus dedos prendo-o como se a mim ao tacto dos pés descalços penso ar faço chão lavo a terra presa à boca
regresso no tremer dos dias faço dos fios o meu caminho da rede andança sobressalto em que serei chão e vermelho o andar dos meus cabelos
e tenho já um chão plantado onde uma casa nasce em espaço no porvir